MENINOS DE RUA

Augusto Bello Filho

Pobres crianças do Brasil
Onde está o teu futuro,
Dormindo pelas calçadas,
Atiradas ao chão,
Por cantos e recantos,
Dessa grande nação.

Quem olha e não te vê,
É duro como a pedra,
Insensível ao tufão,
Que não se abala,
Com a mente fechada,
E sem coração.

Quem sabe menino!
Talvez amanhã tudo mude,
Se criança não morreres,
Quem sabe um dia terás,
Escola pra estudar,
E comida pra fartar.

Ou debaixo da ponte,
Pobre doente a morrer,
Quem sabe o teu destino,
Poderá te levar,
Ser assaltante e assaltar,
Viver, morrer, matar.

Se na cela fores jogado,
Para fora olharás,
E verás pelas ruas,
Triste semente a crescer,
Novos meninos de rua,
Lutando pra sobreviver.

Recife -PE, julho de 1991.