A família Bello

A família Bello de Ubaíra no Estado da Bahia tem a sua origem com Augusto Bello de Andrade que vindo do Estado de Alagoas, adquiriu por volta de 1943, uma chácara nas proximidades da Estação da Estrada de Ferro de Nazaré, onde fixou residência e denominou o imóvel de “Chácara Ebenézer”. Este nome deve-se ao fato do seu simbolismo bíblico que quer dizer até aqui nos ajudou o Senhor (I Samuel 7:12), veja: – “Então Samuel tomou uma pedra, e a pôs entre Mizpá e Sem, e lhe chamou Ebenézer; e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor”.

Augusto Bello de Andrade, em 1926.

1906-1964

Augusto Bello de Andrade, nasceu em 06 de agosto de 1906, na cidade de Palmeira dos Índios no Estado de Alagoas. Filho de Augusto de Andrade Bello e de Adelaide Bello de Mendonça.

Quando Augusto Bello de Andrade tinha 13 anos, foi acometido de uma enfermidade desconhecida de então e perdeu a visão. Passando a partir daí a depender sempre de um guia para lhe mostrar o caminho pela vida à fora. E foi na companhia de um desses guias que ele tomou conhecimento de um senhor que tinha uma mercearia ou venda na sua cidade, e que mantinha quase todas as portas fechadas, deixando apenas uma entre aberta por onde algumas pessoas entravam para fazer compras. Ficou curioso e queria saber pessoalmente do comerciante por que ele mantinha quase todas as portas fechadas se ele era um comerciante igual aos outros da praça. Combinou com o seu guia para àirem à noite a casa do referido Senhor. Lá chegando foi bem recebido pelo comerciante que depois de dar boas vindas, lhe perguntou o que o trazia à sua casa. Augusto explicou-lhe, que achou estranho que ele sendo um comerciante mantinha quase todas as portas de sua mercearia fechadas e que era por isso que se achava ali, para saber o porquê desta atitude estranha. Então, o comerciante respirou fundo e depois lhe confessou que era perseguido por muitas pessoas, que às vezes atiravam pedras em seu comércio por que era seguidor de Jesus. Augusto não entendendo, pediu-lhe que explicasse melhor. O comerciante falou-lhe finalmente, que era crente em Jesus e que por isso era odiado e perseguido. Contou-lhe o seu testemunho e a sua experiência de salvação, tendo aproveitado a oportunidade e pregado o evangelho para ele. Esclarecida as dúvidas Augusto foi se despediu e foi para casa. Naquela noite Augusto sonhou que estava diante de um grande e avistava o Senhor que estava do outra margem e lhe falava dizendo: – “Segue-me você também.” No dia seguinte Augusto retornou à casa do negociante e disse-lhe: – “Eu também quero ser um seguidor de Jesus”. Dessa forma Augusto Bello de Andrade se converteu ao evangelho ainda bem jovem.

Dito senhor, falou-lhe também, que sabia de um tipo de leitura que os cegos aprendiam e que ele (Augusto) poderia procurar determinada pessoa em uma outra cidade que lhe diria como era esse método. Tendo Augusto a partir daí, ido em busca desta pessoa, tendo tomado conhecimento do método de leitura em Braile para cegos, que consistia em escrever da direita para a esquerda e ler-se da esquerda para à direita. Este método consiste em furar-se o papel formando saliências com pontos em alto relevo, em diversas posições dentro de um pequeno quadrado, onde cada posição dos pontos significa uma letra ou número. Assim, Augusto Bello recebeu uma máquina para escrever em Braile e um objeto semelhante a um lápis com ponta de ferro e um papel grosso para a escrita em Braile. Recebeu também, o alfabeto, os números Arábicos e Romanos em Braile, além dos sinais gráficos. Passou a dedicar-se ao estudo desse Sistema. Adquiriu alguns livros em Braile como Iracema e O Guarany de José de Alencar, dentre outros e porções da Bíblia como os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas, João, o livro de Isaías e Salmos dentre outros.

Ainda em Alagoas foi orientado a procurar um Missionário Inglês chamado David Glass que procurava pessoas recém convertidas para ajudar-lhe na evangelização do Nordeste Brasileiro, que consistiria em receber literatura evangélica, principalmente Bíblias que eram editadas em Português na Inglaterra, vindo embaladas em caixas por Navios até o Porto de Recife, onde eram retiradas e utilizadas no trabalho de evangelização e coopoltagem pelos obreiros e evangelistas, dentre eles Augusto Bello, que passou a viver em função da evangelização. Evangelizava para viver e vivia para evangelizar.

Nesse ínterim, sua família tomando conhecimento de sua conversão ao evangelho o desprezou e o expulsou de casa. Tendo sido recolhido ainda jovem por sua tia Josefa que o acompanhou em sua jornada para outras terras além de Alagoas, tendo morado em Aracajú e posteriormente nas cidades de Santa Inês – Bahia e no Distrito Engenheiro Franca ou Volta do Rio, pertencente ao município de Ubaíra, onde Augusto tinha adquirido um pequeno Imóvel Rural, que em seguida se  desfez para adquirir a Chácara que a chamou de Ebenézer na cidade de Ubaíra, que à época se chamava Areia.

Cidade de Ubaíra, antiga Areia, em 1970.

Assim, Augusto Bello iniciou a sua fé cristã. Pregando e evangelizando pessoas a partir de Recife até a Bahia onde veio a fixar residência, tendo mais tarde partido para a evangelização de outros estados brasileiros.

Vista parcial da cidade de Ubaíra,em 1970 – A seta indica a chácara de Bello

Na companhia de sua tia Josefa¹ que a tinha como mãe, Augusto Bello de Andrade passou a residir na Chácara Ebenézer. Em 1947 conheceu Inácia de Souza Andrade, filha de Sérgio Souza Santos² e de Maria Souza Santos, que a tratava por “Lourinha” de quem se enamorou e casou-se em 1948.

Maria (avó), Augusto Filho, Loide (na sombra), Inácia e Moacir (nos braços), em 1955.

Augusto Bello não se limitava a trabalhar somente com a literatura evangélica onde tinha livros, Bíblias, Cantores Cristãos e Discos. Passou a se dedicar a revenda de Homeopatia. Teve uma Mercearia na Rua do Alto em Ubaíra. Implantou uma Fábrica de Vassouras de Piaçava e produzia em pequena escala um tipo de Sapólio extraído de pedras moles que se destinava a arear utensílios domésticos, panelas etc.

Também não ficava ausente das campanhas políticas. Trabalhou como Cabo Eleitoral na campanha de Ademar de Barros para Presidência da República. Era amigo de Juracy Magalhães, de Cosme de Farias, de Clériston Andrade. Diversas vezes mandou sugestões para o Presidente Getúlio Vargas. Tinha muitos amigos e irmãos. E por onde passava deixava vestígios e marcas de cidadania e hombridade. Gostava de escrever poesias e plantar árvores. Da união de Augusto Bello de Andrade com D.Inácia, nasceram-lhes oito filhos e filhas,a saber: Augusto Bello de Souza Filho, nasceu em 02 de fevereiro de 1949; Loide Bello de Andrade, nasceu em 04 de março de 1950; Moacir de Souza Belo, nasceu em 10 de janeiro de 1953; Eudamidas de Souza Belo, nasceu em 1955 e morreu em 01 de março de 1956; Solon de Souza Belo, nasceu em 18 de março de 1957; Geny de Souza Belo, nasceu em 14 de janeiro de 1959; Jaaziel de Souza Belo, nasceu em 17 de março de 1961 e Adaías de Souza Belo, nasceu em 14 de fevereiro de 1963.

Família de Bello: Da esquerda para a direita, D. Maria (sua sogra),
Inácia (esposa), Loide, Moacir (no colo) e Augusto Filho, em 1956.

Augusto Bello viajava diversas vezes por ano para outras regiões do Estado da Bahia e também para outros Estados para exercer a sua atividade de Coopoltor, levando literatura evangélica, como: Bíblias, Folhetos, Revistas, Cantores Cristão, Discos etc. Assim, visitou e evangelizou o sudoeste, o sul e o norte da Bahia, dentre estes o Vale do Jiquiriçá, onde residia. As cidades que compôem o Vale e que ele evangelizou, são: Laje, Mutuípe, Jequiriçá, Ubaíra e Santa Inês. As demais cidades no Sudoeste foram Jaguaquara, Jequié, Jitaúna, Ipiaú, Ibirataia, Ubatã, Itabuna, Ibicaraí, Itapetinga, Itororó, Vitória da Conquista e outras. E ao norte da Bahia: Juazeiro, Euclides da Cunha, Feira de Santana, Senhor do Bonfim entre outras. Ia sempre a Salvador onde tinha amigos, dentre eles Cosme de Farias o maior alfabetizador que a Bahia já conheceu. Mas, Augusto Bello não evangelizou só a Bahia. Durante o seu ministério esteve em quinze Estados Brasileiros, evangelizando, pregando e ganhando almas para Cristo, a saber: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso. Augusto Bello não andava sozinho, tinha sempre um rapaz como guia. Assim, o guiaram sua tia Josefa, antes de seu casamento, a sua espôsa Inácia e depois os filhos de uma senhora chamada Tertulina que morava em uma casa de taipa na Chácara: Francisco, Cosme e Salvador. Depois vieram dois outros rapazes que foram Osvaldo e Abel. Depois teve seus filhos Augusto e Moacir que o acompanhavam nas viagens pelo sul e sudoeste da Bahia.

Augusto Bello e Moacir, em 1963.

No mês de junho de 1964, Augusto Bello de Andrade, foi acometido de um derrame cerebral, ficando enfermo por mais de quarenta dias, vindo a falecer no dia 02 de agosto de 1964, (domingo) às 5:15h. Augusto deixou D. Inácia viúva, com sete filhos. Augusto não deixou nenhuma pensão para a sua família, que passou a viver com pequenas ajudas de amigos e irmãos na fé, como o Sr. Justiniano Oliveira Sampaio e alguma ajuda da Convenção Batista Brasileira. Estas contribuições eram muito pequenas para atender as necessidades da família, se não fosse os frutos da terra produzidos na chácara teriam passado necessidades.

Três anos após a morte de Augusto, seu filho mais velho, Augusto Bello de Souza Filho, fez dezoito anos e foi levado por sua mãe no dia 23 de abril de 1967, (data do aniversário dela) para Salvador em para buscar um emprego para ajudá-la na criação dos seus irmãos menores. Assim, em 01 de junho de 1967, Augusto começou a trabalhar na Livraria “Casa Publicadora Batista”, onde ficou até 31 de agosto. No mês de setembro Augusto se apresentou ao Exército para servir mas foi dispensado. Ficou algum tempo desempregado, mas em 23 de outubro começou a trabalhar na Distribuidora Imprensa Ltda (uma distribuidora de revistas da Bloch Editores). Neste emprego Augusto ficou por cinco anos e meio. Em 08 de janeiro de 1973, Augusto tomou posse no Banco do Brasil S.A. onde trabalhou por vinte e cinco anos. Tendo se aposentado em 1997.

Da esq. para a dir. (atrás): Augusto, Inácia, Moacir e Solon. Na frente: Geni, Adaías e Jaaziel
Em 1969

Notas: ¹ D. Josefa, faleceu em 29.06.1950; ² Sr. Sérgio, faleceu em 31.12.1968.

 

2 thoughts on “A família Bello”

  1. Uma família querida, ponte certo onde brincar qd criança.
    D. Inácia era uma mãe, sempre receptiva e acolhedora.
    Um exemplo de mulher de Deus!
    Comia muita seriguela e sapoti, manga!
    Jai e Jaaziel irmãos e amigos nas aventuras!
    Tempo maravilhoso que Deus me proporcionou!

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